Uma das perturbações
emocionais que me causa mais angústia é o cutting, ou
auto-mutilação. Muitos jovens e adolescentes pegam em facas e
tesouras para se cortarem como forma de aliviar a dor e a angústia
que os atormenta.
A lógica deste comportamento
baseia-se na crença de que uma dor superior alivia uma dor menor, ou
seja, se me dói um dedo, essa dor terá pouca importância se
entretanto partir uma perna! Sendo assim, a dor de um corte na
barriga, nos braços, onde for, irá proporcionar um breve
esquecimento do sofrimento da alma. O objectivo não é o suicídio,
mas a frustração de não conseguir ultrapassar os problemas poderá
conduzir a isso mesmo, além do perigo que representa um corte mais
profundo no local errado!
É bastante comum verificar
esta patologia em simultâneo com distúrbios alimentares e por
conseguinte, é importante que os pais e educadores estejam atentos,
porque acreditem, não é uma pieguice para chamar a atenção! Até
porque normalmente os doentes escondem os cortes o quanto podem, como
se fosse um segredo que lhes confere algum poder, enquanto controlam
a situação.
É imperativo que a família ajude o jovem,
começando pela reconstrução da sua auto-estima, restabelecendo os
laços afectivos que muitas vezes, até por distracção, podem ter
sido negligenciados e por isso mesmo ter proporcionado o isolamento e
sentimento de abandono do adolescente. Actividades familiares de
lazer, incentivar o jovem a participar em actividades lúdicas e
desportivas que sejam do seu agrado e lhe permitam desenvolver os
seus dons, mas sobretudo o acompanhamento psicológico que é
fundamental para a cura, podendo frequentar uma terapia de grupo até
com os pais, afinal de contas, o seu filho não ficou deprimido
sozinho!
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