
"A
reencarnação, afirmada pelas vozes de além-túmulo, é a única
forma racional por que se pode admitir a reparação das faltas
cometidas e a evolução gradual dos seres. Sem ela, não se vê
sanção moral satisfatória e completa; não há possibilidade de
conceber a existência de um ser que governe o universo com justiça.”
"Se
admitirmos que o homem vive actualmente pela primeira vez neste
mundo, que uma única existência terrestre é o quinhão de cada um
de nós, a incoerência e a parcialidade, forçoso seria
reconhecê-lo, presidem à repartição dos bens e dos males, das
aptidões e das faculdades, das qualidades nativas e dos vícios
originais.
"Todos
os espíritos tendem para a perfeição, e Deus lhes faculta os meios
de alcançá-la, proporcionando-lhes as provações da vida corporal.
A sua justiça, porém, concede-lhes realizar, em novas existências,
o que não puderam fazer ou concluir numa primeira prova.
"Não
obraria Deus com equidade, nem de acordo com a sua bondade, se
condenasse para sempre os que talvez hajam encontrado, oriundos do
próprio meio em que foram colocados e alheios à vontade que os
animava, obstáculos ao seu melhoramento. Se a sorte do homem se
fixasse irrevogavelmente depois da morte não seria uma única a
balança em que Deus pesa as acções de todas as criaturas e não
haveria imparcialidade no tratamento que a todas dispensa.
"A
doutrina da reencarnação, isto é, a que consiste em admitir para o
espírito muitas existências sucessivas, é a única que corresponde
à ideia que formamos da justiça de Deus para com os homens que se
acham em condição moral inferior; a única que pode explicar o
futuro e firmar as nossas esperanças, pois oferece os meios de
resgatarmos os nossos erros, por novas provações. A razão no-la
indica e os espíritos a ensinam.
"O
homem que tem consciência da sua inferioridade haure consoladora
esperança na doutrina da reencarnação. Se crê na justiça de
Deus, não pode contar que venha a achar-se, para sempre, em pé de
igualdade com os que mais fizeram do que ele. Sustém-no, porém, e
reanima-lhe a coragem a ideia de que aquela inferioridade não o
deserda eternamente do supremo bem e que, mediante novos esforços,
dado lhe será conquistá-lo. Quem é que, ao cabo da sua carreira,
não deplora haver tão tarde ganho uma experiência de que já não
mais pode tirar proveito? Entretanto, essa experiência tardia não
fica perdida; o espírito a utilizará em nova existência".
REENCARNAÇÃO E EVOLUÇÃO DO HOMEM
"Quando
o espírito tem de encarnar num corpo humano em vias de formação,
um laço fluídico, que mais não é do que uma expansão do seu
perispírito, liga-o ao germe que o atrai com uma força
irresistível, desde o momento da concepção. À medida que o germe
se desenvolve, o laço encurta-se. Sob a influência do princípio
vital - material do germe -, o perispírito, que possui certas
propriedades da matéria, une-se, molécula a molécula, ao corpo em
formação, donde o poder dizer-se que o espírito, por intermédio
do seu perispírito, se enraíza, de certa maneira, nesse gérmen,
como uma planta na terra. Quando o gérmen chega ao seu pleno
desenvolvimento, completa é a união; nasce então o ser para a vida
exterior".
"À
medida que o espírito se purifica, o corpo que o reveste aproxima-se
igualmente da natureza espírita. Torna-se-lhe menos densa a matéria,
deixa de rastejar penosamente pela superfície do solo, menos
grosseiras se lhe fazem as necessidades físicas, não mais sendo
preciso que os seres vivos se destruam mutuamente para se nutrirem. O
espírito acha-se mais livre, e tem, das coisas longínquas,
percepções que desconhecemos. Vê com os olhos do corpo o que só
pelo pensamento entrevemos.
"Da
purificação do espírito decorre o aperfeiçoamento moral para os
seres que eles constituem, quando encarnados. As paixões animais
enfraquecem-se e o egoísmo cede lugar ao sentimento de fraternidade.
Assim é que, nos mundos superiores ao nosso, se desconhecem as
guerras, carecendo de objecto os ódios e as discórdias, porque
ninguém pensa em causar dano ao seu semelhante. A intuição que
seus habitantes têm do futuro, a segurança que uma consciência
isenta de remorsos lhes dá, fazem com que a morte nenhuma apreensão
lhes cause. Encaram-na de frente, sem temor, como simples
transformação.
"A
duração da vida, nos diferentes mundos, parece guardar proporção
com o grau de superioridade física e moral de cada um, o que é
perfeitamente racional. Quanto menos material o corpo, menos sujeito
às vicissitudes que o desorganizam. Quanto mais puro o espírito,
menos paixões a miná-lo. É essa ainda uma graça da Providência,
que desse modo abrevia os sofrimentos".
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