Pan
Gu abriu o céu e a terra
O
mundo veio de uma bola cósmica, envolta em trevas, flutuando no
universo. Dentro da bola, havia um espírito. O espírito foi-se
desenvolvendo em silêncio, no seu interior, ninguém sabe por
quantos anos, até que finalmente esse novo espírito, chamado Pan
Gu, nasceu. Pan Gu vivia dentro da bola, com os olhos meio fechados,
absorvendo a nutrição da bola, dormindo tranquilamente.
Milhões
de anos se passaram assim, Pan Gu cresceu e tornou-se num gigante. Um
dia, ele abriu totalmente os olhos. Mas porque se encontrava em total
escuridão, Pan Gu não conseguiu ver nada. Ele pensou que o negrume
em frente dos olhos fosse por que ele não tivesse acordado
totalmente; limpou os olhos, mas mesmo assim não via nada. Limpou
várias vezes os olhos, mas em frente dele existia somente uma
escuridão sem fim. Ele ficou zangado, pulando e gritando, pedindo
pela luz, bateu na bola para quebrar o mundo escuro.
Pan
Gu ficava pulando e gritando, ninguém sabe por quantos anos;
finalmente, os seus gritos e todo o barulho que fez atravessaram a
bola e chegaram aos ouvidos do Imperador de Jade no céu. Ao ouvir o
barulho, o Imperador de Jade ficou muito feliz. Ele pegou um machado
que tinha ao seu lado, e o jogou dentro da bola para Pan Gu.
Pan
Gu, pulando e gritando, de repente, viu um fio de luz quando o
machado atravessou a bola. Ficando surpreendido, ele alcançou a mão
para tocar a luz. Ao mesmo tempo, o machado chegou e caiu na sua mão.
Sentindo que alguma coisa tinha caído na mão, ele olhou: era um
machado. Mesmo não sabendo de onde veio o machado, ele ficou muito
feliz e decidiu quebrar a escuridão com o machado.
Com
a primeira machadada, Pan Gu ouviu um barulho enorme, tão forte que
pareceu quebrar tudo. Uma racha apareceu na bola, e uma luz brilhante
veio de fora. Ele ficou tão alegre que por momentos, se deteve,
exclamando a sua emoção. Mas subitamente, viu que a racha ia-se
fechando e a luz e desaparecendo. Ele jogou o machado no chão e
empurrou a parte de cima da bola para manter a racha, e a luz.
Sabendo
que, se desistisse, a bola fecharia de novo e ele perderia a luz, Pan
Gu ficou sustentando a parte de cima com muita força. As juntas dos
seus ossos começaram a estalar, Pan Gu estava crescendo. Todos os
dias, ele crescia um Zhang (medida chinesa, 1 Zhang = 3 metros), e a
racha aumentava um Zhang. Muitos anos se passaram, Pan Gu chegou à
altura de 18 milhas de Zhang, o mesmo acontecendo com a racha.
Ao
ver que os dois lados da racha ficaram suficientemente afastados um
do outro, não podendo mais fechar, Pan Gu sentiu-se aliviado, e
começou a espreitar ao redor dele: a escuridão em cima tinha-se
tornado em céu, mudando a cor para azul claro; a escuridão, em
baixo, mudou para terra grossa, de cor amarela. Olhando para o céu
azul claro, tão grande que parecia não ter fim, e a terra amarela,
grossa e ampla, Pan Gu sentiu-se muito alegre: a escuridão tinha-se
retirado e a terra estava coberta pela claridade. Ele começou a rir.
Ele
riu tanto que, de repente, teve um colapso e seu grande corpo caiu no
chão. Pan Gu havia morrido. Mas, na verdade, ele não morreu. Seu
corpo brilhou e as partes da sua essência física começaram a
transformar-se.
O
seu olho esquerdo voou para o leste do céu, e tornou-se o sol
brilhante que ilumina tudo. O seu olho direito voou para o oeste do
céu e tornou-se a lua terna. A sua respiração transformou-se no
vento da primavera que acorda a Vida e nas nuvens que flutuam no céu;
a sua voz, no raio que ilumina as nuvens escuras com um trovão
ensurdecedor. Os seus cabelos e barba voaram em todos os sentidos e
tornaram-se florestas densas, ervas prósperas e flores coloridas. O
seu suor atingiu o céu e tornou-se em estrelas brilhantes. Os seus
braços e pernas estenderam-se e formaram montanhas. As suas veias
tornaram-se caminhos serpenteando a terra, onde o seu sangue fluiu,
formando os rios. Os seus dentes e ossos espalharam-se e tornaram-se
metais brilhantes; jades brancos, pérolas cintilantes, ágatas
lindas e tesouros abundantes. Da sua saliva, surgiu a chuva que
umedece a terra. O que restava da vida no seu espírito tornou-se
lentamente em bichos, peixes, pássaros e insectos, e trouxe
vitalidade para o mundo.
Usando
seu corpo e seu espírito, Pan Gu criou o mundo.
Sem comentários:
Publicar um comentário
GOSTOU COMENTE!
NÃO GOSTOU, COMENTE NA MESMA!