Um motivo pelo qual, o
silêncio nos é tão perturbador [é este]: Assim que nos começamos
a tornar silenciosos, experimentamos a relatividade da nossa mente
quotidiana comum.
Com a mente medimos
as nossas coordenadas de espaço e de tempo, calculamos as
probabilidades e contabilizamos os nossos erros e os acertos.
Trata-se de um nível
de consciência muito útil e importante. É um estado mental tão
útil e familiar que facilmente acreditamos em tudo o que somos: a
totalidade de nossa mente, o nosso verdadeiro eu, o nosso inteiro
significado. A vida, o amor e a morte, frequentemente ensinam-nos o
contrário. Nem tudo é sólido, nem tudo é permanente. Assim,
encontramos-nos inesperadamente com o silêncio, em muitas
reviravoltas inesperadas da estrada da vida, de maneiras
imprevisíveis, em pessoas improváveis. A sua saudação possui um
efeito que é ao mesmo tempo, emocionante e pleno, ainda que,
frequentemente apavorante.
Em cada momento, os
nossos pensamentos, medos, fantasias, esperanças, raivas e atrações,
surgem e desaparecem. Identificamos-nos automaticamente com esses
estados, sejam eles passageiros ou compulsivamente recorrentes, sem
analisarmos sequer o que pensamos.
Quando o silêncio
ensina o quão transitórios e, portanto pouco confiáveis, na
verdade, são esses estados, confrontamos-nos com a terrível questão
sobre quem somos nós. No silêncio precisamos de lutar com a
terrível possibilidade da nossa própria irrealidade.
O pensamento budista
faz dessa experiência, denominada anatman ou o "não eu",
um dos principais pilares de sabedoria no seu caminho de libertação
do sofrimento e um dos seus meios de iluminação essenciais.
Incentiva-se o praticante budista a buscar essa experiência da
transitoriedade interior e em vez de fugir, mergulhar nesse
estado.
Descobriremos que a consciência, a alma, é mais do que o fantástico sistema cerebral que computa, calcula e, julga. Somos mais do que aquilo que pensamos. Nem os nossos pensamentos se podem dar como adquiridos, ou certos. Há que mudar de perspectiva, sempre que se torne necessário. A vida é transição, nada é estático, nem sequer o que pensamos.
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