Se
eu faço tudo o que ele quer que eu faça, por que não se torna no que
eu quero?
Anular-se
para receber afecto das pessoas é algo saudável? O que fazer para
evitar isto?
Uma
pessoa pode passar anos, até a vida toda, a viver para agradar
alguém. Isto significa que ela estará provavelmente a anular-se.
Nesta auto-anulação perde-se muito, como a liberdade, a
autenticidade, o direito de dizer o que pensa, de sentir, de criar,
etc. Tanto mais isto é perdido, quanto maior a anulação pessoal
devido à obsessão pela outra pessoa.
O
que leva uma pessoa a agir assim? Não deve ser um problema de falta
de bom nível cultural ou mesmo de inteligência, porque pessoas
cultas e inteligentes também podem agir assim. A formação
intelectual não livra uma pessoa de ter problemas emocionais.
Não
é raro o caso de uma mulher dizer que ama tanto o seu marido a ponto
de se anular no casamento para o agradar a todo custo. Pode ocorrer
com o marido, mas parece ser mais encontrado nas mulheres. Mesmo nas
histórias em que o marido trai a esposa constantemente, ela pode
facilmente perdoar, esquecer facilmente, aceitar facilmente, e
ficar ainda numa atitude de bajulação para com este homem. E muitos
vivem um comportamento tipo “filho” com a esposa e erotizado com
a(s) amante(s). Nestes casos, a esposa faz o papel de boa mãe, cuida
da casa, dos filhos, até dos negócios do marido, enquanto ele age
sem compromisso do casamento, tendo outra(s) mulher(es).
Por
necessidade de afecto uma pessoa – qualquer pessoa – pode-se
permitir viver histórias destas, perdendo a sua individualidade,
anulando-se por completo. É importante dizer que isto não é amor!
Pode ser dependência, codependência, imaturidade emocional,
fraqueza de espírito, falta de auto-respeito, desprezo de si mesmo,
carência, insegurança, etc. Mas não é amor! Porque o amor maduro
não leva a pessoa a anular-se em busca de afecto e de aprovação. É
verdade que o amor é paciente, mas também coloca limites para
abusos diversos, e a infidelidade conjugal é uma forma de abuso e
desrespeito pelo cônjuge.
Quando
alguém aprende a amar-se a si mesma equilibradamente, não se anula
para agradar o outro, ficando á espera de com isto obter carinho,
companhia, valorização pessoal.
Não é uma atitude madura e honesta um cônjuge valorizar o seu
(sua) companheiro (a) por este se anular para o agradar! Parece ser
exactamente o contrário, ou seja, quando se valoriza a si mesmo
saudavelmente, isto favorece a outra pessoa a valorizá-lo também.
“...jamais
senti que pudesse ser eu próprio, perto das outras pessoas. Eu
estava demasiado ocupado, a tentar ser o que eu achava que os outros
queriam que eu fosse, com medo de que eles não me aceitassem da
forma que eu era. ...Entendi que posso viver a minha vida pela paz
interior e não pelas aparências externas....Conviver
com alegrias e problemas confirma a minha condição de ser humano.
O que me separa como indivíduo é o caminho no qual fui colocado
para caminhar.
Ninguém pode fazer o percurso por mim, nem eu posso mudar o caminho
para agradar alguém.” Será que está a ser você próprio? Ou
anula-se na expectativa e tentativa de influenciar alguém a amá-lo?
Repare e veja se a pessoa a quem tenta agradar tem realmente ficado
agradado com a sua anulação como pessoa. Ou será que ele(a) não
a(o) despreza e valoriza outra pessoa? Será que merece continuar
assim, por perder a sua dignidade? Não chegou o momento de viver ao
invés de sobreviver? Não é um direito seu, ser você própria(o)?
O
que deseja? O que não quer? Quais são as suas preferências,
escolhas, vontades, anseios, sonhos, projectos pessoais? Não coloque
tais coisas nas mãos e na dependência do comportamento de outra
pessoa. Não faça esta maldade consigo mesmo.
Se
faz sempre tudo o que o outro quer, a anular-se, é muito mais
provável que este outro não se torne o que realmente quer, podendo
desprezá-lo e procurar outra pessoa “mais interessante”. E se
analisar, poderá descobrir que esta outra pessoa não se anula e por
isso atrai o outro. Não viva obcecado(a) para agradar! Pare
de se maltratar!
Merece
viver a sua vida. Ganhando ou não o afecto ou a valorização da
outra pessoa.
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