
Todos nós somos corpo e espírito. Quando se dão encontros nesta
vida, já tinham sido previamente combinados num plano espiritual,
antes de encarnarem no corpo actual, de forma a que possamos evoluir
espiritualmente. Estes “encontros” são determinados de acordo
com o nosso grau de evolução, para que possamos “pagar karmas”
no sentido de evoluirmos espiritualmente ou ajudar espíritos menos
evoluídos no seu processo e percurso evolutivo, para que ao
reencarnarem novamente, possam passar para um plano superior e mais
evoluído. Estes encontros, aparentemente acidentais, podem ser
classificados.
- Acidentais
- Provacionais
- Sacrificiais
- Afins
(afinidade superior)
- Transcendentes.
ACIDENTAIS - Encontro
de almas inferiorizadas, por efeito de atracção momentânea, sem
qualquer ascendente espiritual.
PROVACIONAIS - Reencontro de
almas, para reajustes necessários à evolução de ambos.
SACRIFICIAIS: Reencontro de alma iluminada com alma
inferiorizada, com o objectivo de redimi-la.
AFINS: Reencontro
de corações amigos, para consolidação de afectos.
TRANSCENDENTES: Almas engrandecidas no Bem e que se buscam
para realizações imortais.

Evidentemente, o matrimonio,
sagrado nas suas origens, tem reunido no mesmo teto os mais variados
tipos evolutivos, o que vem demonstrar que a união, na Terra,
funciona, às vezes como meio de consolidação de laços de pura
afinidade espiritual, e noutros casos, a sua maioria, como
instrumento de reajuste.
Na sua maioria porém, os lares são
passagens purificadoras, onde sob o calor de rudes provas e dolorosos
testemunhos, Espíritos frágeis caminham, vagarosamente, na direcção
do Mais Alto.
NOS CASAMENTOS ACIDENTAIS teremos pessoas que,
defrontando-se um dia se vêem, conhecem-se, aproximam-se, surgindo,
desse encontro um enlace acidental, sem qualquer ascendente
espiritual.
Funcionou aqui apenas o livre arbítrio, uma vez
que através dele construímos diariamente o nosso destino.
Num
mundo como o nosso, tais casamentos são comuns.
Nem laços
de simpatia, nem de desagrado.
Simplesmente almas que se
encontraram, na confluência do caminho, e que perante as leis
humanas, uniram apenas os corpos.
Esses casamentos podem
determinar o inicio de futuros encontros, noutras reencarnações.

QUANTO AOS PROVACIONAIS, em que duas almas se reencontram em
processo de reajustamento necessário ao crescimento espiritual,
esses são os mais frequentes.
A maioria dos casamentos obedece, sem nenhuma dúvida, a esse
alvo.
Por isso existem tantos lares onde reina a desarmonia,
onde impera a desconfiança, onde os conflitos morais se transformam
tantas vezes, em dolorosas tragédias.
Deus uniu-os, através
das leis do Mundo, a fim de que pelo convívio diário, a Lei Maior
da fraternidade, fosse por eles exercida nas lutas comuns.
A
compreensão, a boa vontade, a tolerância e a humildade são
virtudes que funcionam como modo de suaves amortecedores.
O
Espiritismo, pela soma de conhecimentos que espalha, tem sido meio
eficiente para que muitos lares, construídos na base da provação,
se reajustem e se consolidem, dando, assim, os primeiros passos na
direcção do Infinito Bem.
O Espírita esclarecido, sabe que
somente ele pagará as suas próprias dívidas.
Nenhum amigo
espiritual modificará o curso das leis divinas, embora lhe seja
possível estender os braços generosos, aos que se curvam ante o
peso de duras provas, entre as quatro silenciosas paredes de um lar.
O espírita esclarecido, homem ou mulher, aprende a
renunciar, em benefício da sua paz e do seu reajuste.
E o
fá-lo ainda, porque tem a inabalável certeza de que se fugir hoje
ao resgate, voltará amanhã, na companhia daquele ou daquela de quem
procura, agora, afastar-se.
A humildade, especialmente, tem
um poder extraordinário de harmonização dos lares, convertendo-os,
dentro da relatividade que assinala todas as manifestações da vida
humana, em legítimos santuários onde o destino dos filhos possa
plasmar-se nas exemplificações edificantes.

Os casamentos SACRIFICIAIS:
Esses reúnem almas
possuidoras de virtude e sentimentos opostos.
É uma alma
esclarecida, ou iluminada, que se propõe a ajudar aquele que se
atrasou na jornada ascensional.
Como a própria palavra indica, é casamento de sacrifício, para
um dos cônjuges.
Não há regras para isto. Temos visto
senhoras delicadíssimas, ternas e virtuosas, que se casam com homens
ásperos e grosseiros, de sentimentos abjetos, do mesmo modo que
existem homens, que são verdadeiras jóias de bondade e compreensão,
consorciados com mulheres de sentimentos inferiorizados.
Quem ama não pode ser feliz se deixou na retaguarda, torturado e
a sofrer, o objecto da sua afeição.
Volta então, na
qualidade de esposo ou esposa, recebe o viajante retardado, a fim de
com o seu carinho e com a sua luz, estimular-lhe a caminhada.
É o vanguardeiro, compassivo, que renuncia aos júbilos cabíveis
ao vencedor, e retorna à retaguarda de sofrimento para ajudar e
servir.

O CASAMENTO SACRIFICIAL é em resumo, aquele em que
um dos cônjuges se caracteriza pela elevação espiritual, e o outro
pela condição evolutiva deficitária. O mais elevado concorda
sempre em amparar o desajustado.
Assim sendo, a mulher ou o
homem que escolhe a companhia menos elevada deve (levar a cruz ao
calvário), como se diz geralmente, porque sem dúvida, se
comprometeu na Espiritualidade a ser o amparo de todas as horas.
O
recuo, no caso, seria deserção ao compromisso assumido.
OS CASAMENTOS DENOMINADOS AFINS, no sentido superior, são os que
reúnem almas esclarecidas e que muito se amam.
São
espíritos que pelo matrimonio, no doce reduto do lar consolidam
velhos laços de afeição.

OS CASAMENTOS TRANSCENDENTES
São constituídos por almas engrandecidas no amor fraterno e
que se reencontram, no plano físico, para as grandes realizações
de interesse geral.
A vida desses casais encerra uma
finalidade superior.
O ideal do Bem enche-lhes as horas e os
minutos.
Todos nós passamos, ou passaremos ainda, segundo o
caso, por toda essa sequência de casamentos: acidentais,
provacionais e sacrificiais, até alcançarmos no futuro, a condição
de construirmos um lar terreno na base do idealismo transcendental ou
da afinidade superior.